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  • Estudo colaborativo e internacional planejado pela T21 Research Society sobre COVID-19 em pessoas com síndrome de Down (SD)

PERGUNTAS QUE QUEREMOS RESPONDER:  

Quais são os sinais e sintomas em pessoas hospitalizadas com SD e COVID-19?

Os sintomas são diferentes a depender da faixa etária?

Quais são os desfechos clínicos?

DADOS OBTIDOS ATÉ O MOMENTO (27/05/2020):

Questionários recebidos:

 O número de participantes até o momento (ou seja, questionários respondidos) foi de 349, sendo a seguinte proporção de países participantes:

Espanha: 40%

Reino Unido: 20%

Estados Unidos: 17%

França: 11%

Brasil: 6%

Outros países: 7%

Os questionários foram de dois tipos: um para ser respondido pelos familiares e outro pelo médico. A proporção de respostas, tanto de familiares quanto de médicos, com base na distribuição etária das pessoas afetadas, foi a seguinte:

Em azul os questionários respondidos pelas famílias; em vermelho os questionários respondidos pelos médicos.

Fig. 1. Distribuiçao das respostas por idades dos questionários para famílias (vermelho) e médicos (azul).

Sinais e sintomas de COVID-19 em pessoas com síndrome de Down internadas em hospital:

  • São semelhantes aos da população em geral: febre, tosse e falta de ar são os mais comuns.
  • Sintomas nasais são mais comuns do que na população geral.
  • Falta de ar está associada à internação no hospital; ou seja, é um sintoma que precipita a admissão no hospital.

A figura mostra a proporção dos vários sinais e sintomas relatados, dependendo de cada faixa etária.

Fig. 2. Sintomas em pacientes com síndrome de Down internados no hospital, por idade.

De cima para baixo: febre, tosse, falta de ar, sintomas nasais, diarréia, dor de garganta, dor de cabeça, náuseas ou vômitos, dor abdominal.

Idade (anos) nas barras: verde, 40 anos ou mais; em azul: 20-39 anos; em vermelho: 0 a 19 anos.

Para entender melhor a incidência de sinais e sintomas nas pessoas com SD que foram hospitalizadas, os sinais e sintomas também foram analisados ??em um estudo realizado no Reino Unido (UK), no qual os sintomas na população em geral foram comparados com os sintomas apresentados pelas pessoas com síndrome de Down.

  • Os três sintomas mais comuns não foram diferentes para as diferentes idades.
  • Sintomas nasais e dor de garganta foram mais frequentes no grupo de 0 a 19 anos.
  • Sintomas gástricos e dor de cabeça foram mais frequentes no grupo de 20 a 39 anos.

Fig. 3. Sintomas em pacientes internados no hospital, comparados com a população do Reino Unido.

De cima para baixo: febre, tosse, falta de ar, sintomas nasais, diarréia, dor de garganta, dor de cabeça, náuseas ou vômitos, dor abdominal.

Barras em azul: população em geral do Reino Unido; barras em vermelho: população com síndrome de Down.

Desfecho clínico do COVID-19 em pacientes hospitalizados:

  • A proporção de óbitos em pacientes com síndrome de Down hospitalizados da nossa amostra é semelhante à da população geral.
  • Como na população geral, mais homens morrem do que mulheres.

Fig. 4. Proporção de mortes por COVID-19 no hospital, distribuído por sexo.

De cima para baixo: população geral do Reino Unido, população geral de Nova York, população geral da Espanha, e por último, pessoas com síndrome de Down.

Barras em azul: homens; em vermelho: mulheres.

  • O risco de desfecho fatal na população com síndrome de Down aumenta a partir dos 40 anos; portanto, mais cedo do que na população geral.

Fig. 5. Proporção de óbitos por COVID-19 no hospital, por idade.

Em azul, população geral; em vermelho: pessoas com síndrome de Down.

LIMITAÇÕES DO ESTUDO:

  1. As informações são baseadas nas respostas dos questionários em um único momento. Algumas pessoas ainda estão no hospital
  • O perfil de saúde é baseado apenas em pacientes hospitalizados, para poder compará-lo com o da população geral. Em um estudo posterior, serão analisados ??os dois: aqueles que permaneceram em casa e os hospitalizados.
  • Não temos dados sobre se as pessoas com síndrome de Down foram encaminhadas ao hospital com os mesmos critérios para os mesmos sinais e sintomas. Os critérios podem ou não ter sido diferentes.
  • Embora esta seja a maior amostra até o momento, os números ainda são pequenos, portanto, as observações terão que ser confirmadas.
  • Conforme recebermos mais questionários respondidos, a influência de possíveis comorbidades em termos de riscos e resultados clínicos poderá ser analisada.

PRIMEIRAS CONCLUSÕES:

  • Monitore os mesmos sintomas da população geral. Além disso, na população com síndrome de Down mais jovem, valorize os sintomas nasais.
  • Proteja especialmente pacientes com mais de 40 anos de idade, porque o risco de mortalidade é maior nas pessoas que começam a envelhecer.
  • As pessoas mais jovens (<20 anos) não costumam ter uma doença grave.
  • São necessários mais questionários respondidos, com mais dados, para confirmar essas conclusões.

COMENTÁRIOS:

  1. É evidente o pouco número de questionários respondidos até o momento para um estudo que é o eixo fundamental para a busca de conhecimentos sobre como a pandemia do COVID-19 afeta a população com síndrome de Down. Faltam dados em grande parte da Europa muitos países da América Latina, Ásia, África e Austrália.
  • O estudo é interessante e indica a necessidade de melhorar substancialmente a estratégia a ser usada para estudos futuros, se queremos realmente conhecer características em escala global.
  • Apesar dos dados insuficientes, algumas conclusões interessantes já estão surgindo. Essa realidade é particularmente interessante: a maior frequência de mortalidade em pessoas com síndrome de Down é vista desde os 40 anos; ou seja, bem antes da população geral (cerca de 20 anos antes). E faz todo o sentido se levarmos em consideração que o envelhecimento na população com síndrome de Down começa cerca de 20 anos antes do que no resto da população, incluindo aquela com outros tipos de deficiência intelectual.
  • Nota-se, no entanto, que os dados de mortalidade são obtidos apenas de pacientes hospitalizados. Ainda não sabemos a mortalidade que eventualmente tenham ocorrido em domicílios ou outros locais.
  • Como esses são os primeiros dados e a pesquisa continua, devemos seguir seu curso com todo interesse. Devemos nos esforçar para incentivar as pessoas e organizações do nosso país a reunir, na medida do possível, o máximo de informações possível. A Federaçao Brasileira das Associaçoes de síndrome de Down e os pesquisadores envolvidos no estudo continuam a pedir que familiares e médicos que tenham parentes ou pacientes com SD e com sintomas de Covid-19 ou que foram testados positivos, encaminhem e-mail para: covid19@federacaodown.org.br

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Referências utilizadas para comparação dos grupos:

Reino Unido: Docherty AB, Harrison EM, Green CA, et al. Características de 20.133 pacientes no Reino Unido hospitalizados com covid-19 usando a Caracterização Clínica da ISARIC WHO.

Protocolo: estudo prospectivo de coorte observacional. BMJ, 22 Maio 2020, 369:m1985 DOI: 10.1136/bmj.m1985 PMID: 32444460

Nova York: Cummings MJ, Baldwin MR, Abrams D, et al. Epidemiologia, curso clínico e resultados de adultos gravemente enfermos com COVID-19 na cidade de Nova York: estudo de coorte prospectivo. Lancet. 2020. PMCID: PMC7237188

Espanha: Borobia AM, Carcas AJ, Arnalich F, et al. Uma coorte de pacientes com COVID-19 em um grande hospital de ensino na Europa. J. Clin. Med. 2020, 9 (6), 1733;

https://doi.org/10.3390/jcm9061733

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Fonte: https://www.down21.org/noticias/3460-covid-19-y-sindrome-de-down-primeros-resultados.html

Tradução / adaptação do texto e figuras: Dra. Ana Claudia Brandão – coordenadora do estudo Covid-19 e síndrome de Down no Brasil.


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